05/04/2025
Para entender as estatísticas de e-commerce no Brasil, é preciso primeiro dar um passo atrás e entender o nosso cenário econômico como um todo.
Em 2024, o Brasil experimentou um leve aquecimento econômico, com queda na taxa de desemprego e aumento na confiança do consumidor.
No entanto, a inflação ainda representa um desafio, impulsionada principalmente pelo setor de alimentos e bebidas.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador de inflação, registrou alta acumulada de 4,71% em alimentos, impactando o poder de compra dos brasileiros e influenciando suas prioridades de consumo.
Apesar disso, a recuperação gradual da economia abre caminho para o fortalecimento do e-commerce, que ganha relevância como uma alternativa de compra mais conveniente e, muitas vezes, mais econômica. O setor de alimentos e bebidas, inclusive, foi o que mais obteve crescimento no primeiro semestre de 2024 no comércio online — como veremos logo mais.
A confiança do consumidor também permanece relativamente estável, com um índice de 91,1% no mês de junho de 2024. Isso pode refletir um otimismo cauteloso dos brasileiros, que agora voltam ao mercado de trabalho e se sentem mais confiantes para gastar, principalmente após as crises de 2020 e 2021.
Então, como dissemos, todo este cenário impacta positivamente no crescimento do e-commerce no país, que continua a se expandir ano a ano. Vejamos:
O e-commerce brasileiro cresceu 18,7% no primeiro semestre de 2024, alcançando um faturamento de cerca de R$160 bilhões.
O crescimento em dois dígitos demonstra a expansão acelerada do setor, e o Brasil se destaca como um dos principais mercados de e-commerce na América Latina.
De acordo com a Statista, a média de crescimento do e-commerce na América Latina foi de 14,7%, portanto, o mercado brasileiro superou essa taxa.
E, em termos de consumidores ativos, nosso crescimento é ainda maior. Tivemos um aumento de 25,7% de usuários que compram no comércio online, o que demonstra a crescente adesão do brasileiro ao mercado digital.
O e-commerce também alcançou a posição de segundo maior canal de faturamento no Brasil, ficando atrás apenas do varejo físico tradicional, conhecido como autosserviço.
Esse desempenho reflete o aumento da digitalização dos consumidores e da penetração do e-commerce em regiões como o Norte e Nordeste, que antes tinham menor participação no comércio digital — vamos falar mais disso logo adiante.
Para as empresas, isso significa que estar online deixou de ser opcional. A implementação de estratégias digitais bem definidas é essencial para marcas que desejam ganhar relevância e expandir seu alcance no mercado brasileiro.
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No primeiro semestre de 2024, os produtos de giro rápido (FMCG ou Fast-Moving Consumer Goods) lideraram em volume de pedidos, representando itens essenciais e de alta rotatividade, como alimentos, bebidas e produtos de saúde e beleza.
O e-commerce é o canal ideal para esse tipo de compra, pela própria praticidade que existe para o consumidor ao reabastecer esse tipo de produtos online, além das opções de entrega rápida e promoções.
No geral, as categorias com o maior crescimento na quantidade de pedidos de acordo com a Webshoppers foram, respectivamente:
Além disso, a categoria de eletrodomésticos apresentou uma recuperação notável em 2024, voltando a crescer em número de pedidos e em participação no faturamento total do e-commerce.
Esse aumento reflete um ciclo de renovação de produtos que muitos consumidores adquiriram durante a pandemia, como geladeiras, máquinas de lavar e principalmente aparelhos de ar-condicionado, impulsionados pelas altas temperaturas no país.
Esse contexto mostra também que o consumidor brasileiro enxerga no e-commerce uma opção segura e acessível para adquirir bens duráveis de maior valor, aproveitando condições de pagamento facilitadas e entrega direta.
Também é interessante destacar os tipos de produtos que foram mais pedidos por subcategorias:
O destaque dos itens de giro rápido e de eletrodomésticos no e-commerce pode refletir uma tendência mista de consumo digital: enquanto os produtos básicos são comprados com frequência e mantêm o alto volume de pedidos, categorias de bens duráveis apresentam ciclos de demanda que podem ser impulsionados por fatores sazonais, como o clima, e pela inovação nos produtos oferecidos.
Agora falando sobre os tipos de operação de e-commerce, as "Pure Players", ou lojas que operam exclusivamente no canal online, estão em crescimento acelerado.
Elas tiveram um aumento de 48,7% no faturamento no primeiro semestre de 2024, superando as lojas híbridas ou Brick&Click, isto é, que possuem pontos físicos e virtuais.
Esse cenário pode refletir a preferência dos consumidores por conveniência e facilidade no processo de compra.
Além disso, lojas full online conseguem investir em melhorias na experiência do usuário, como navegação mais fluida, atendimento personalizado e opções de frete rápido, diferenciais que fidelizam o consumidor e ampliam o market share das pure players.
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Segundo o Webshoppers, entre os principais diferenciais buscados pelos consumidores brasileiros no e-commerce estão a facilidade no processo de pagamento e o sortimento dos produtos — isto é, o número de diferentes produtos e as variações de cada um que estão disponíveis para venda.
A facilidade de pagamento, que inclui métodos como carteiras digitais, parcelamento sem juros e integração com PIX, é um fator decisivo para que o cliente finalize a compra. Além disso, uma experiência de checkout simplificada reduz a taxa de abandono de carrinho e aumenta a conversão.
Por outro lado, a diversidade de opções disponíveis em uma loja online também é fundamental para atrair e reter consumidores, pois aumenta as chances de que eles encontrem exatamente o que procuram, sem precisar recorrer a concorrentes.
Para consumidores detratores, por exemplo, “falta de estoque” e “não encontrar o produto que estava buscando” em uma loja online são os principais motivos de insatisfação na hora da compra.
Por isso, para as empresas, oferecer esses diferenciais é uma oportunidade de aumentar a satisfação do cliente e sua fidelização.
O Sudeste e o Nordeste foram as regiões mais representativas em termos de participação no e-commerce no primeiro semestre de 2024.
O Sudeste, que concentra a maior parte do mercado consumidor, continua liderando em volume de vendas, enquanto o Nordeste tem registrado um aumento significativo em novos consumidores desde a pandemia.
A região Norte, embora ainda tenha menor volume de vendas, foi a que mais cresceu proporcionalmente.
Essas tendências regionais indicam que o e-commerce brasileiro está se tornando mais descentralizado, o que representa uma oportunidade para marcas que desejam expandir sua presença nacional.
Adotar estratégias de marketing segmentadas para diferentes regiões pode ajudar a captar novos consumidores e aumentar a lealdade dos clientes em áreas de alto crescimento.
Os eletrodomésticos de linha branca, como geladeiras, máquinas de lavar e ar-condicionado, estão passando por um ciclo de renovação.
Muitos consumidores que adquiriram esses itens durante a pandemia agora procuram substituí-los devido ao desgaste natural e ao aumento da eficiência em novos modelos.
A demanda por produtos de linha branca, como condicionadores de ar e refrigeradores, tem sido impulsionada principalmente por questões climáticas, como as ondas de calor de 2024, que aumentaram a procura por equipamentos de refrigeração.
Com a projeção de um verão intenso em 2025, as vendas desses produtos deverão continuar em alta, o que representa uma oportunidade estratégica para os e-commerces que atendem a esse nicho.